domingo, 27 de janeiro de 2013

Mouros em Peniche.

 
 
 
Em 10 de Outubro de 1677 o convento de S. Bernardino é alvo de assalto por uma guarnição moura que havia fundeado frente daquela localidade.
 
Achavam-se no convento um grupo de sapateiros que ali se haviam deslocado para fazer calçado para os monges. Levantando-se de madrugada, lembraram-se de ir à cerca e mal haviam aberto a porta viram-se rodeados de mouros que sorrateiramente ali tinham desembarcado. Foram feridos e agarrados tentando os piratas transporta-los para as embarcações. Mas durante o combate o mestre sapateiro gritou pelos frades para que os acudissem. Os frades julgando que os artífices se tinham envolvido em zaragata, encontrando-se um dos frades a rezar na varanda pediu as chaves da porta que do claustro dava para a divisão dos sapateiros para os apaziguar, mas ao abrir a porta um mouro vibrou a sua espada contra a sua imagem tendo o frade movimentado-se evitando uma morte certa, ficando apenas com o capuz cortado. Como o mouro lhe tapava a fuga pela porta que abrira, fugiu conseguindo esconder-se por baixo de umas parreiras, conseguindo passar despercebido aos muitos mouros que por ali andavam. Ao verificar que se encontrava só ocorreu ao Lugar da Estrada para chamar a população, pois ao deixar a porta aberta do claustro com certeza que os restantes frades se deveriam encontrar todos mortos. Os restantes frades ao aperceberem-se que o convento havia sido invadido por infiéis, fecharam-se nos dormitórios e picaram o sino a rebate. No interior dos dormitórios fingiram ser soldados e através de palavras de ordem militar e muito barulho, conseguiram iludir os mouros que desmobilizaram e fugiram. Tudo isto aconteceu porque os mouros em número de 40 apenas queriam roubar e não realizar uma batalha, tendo fugido nas duas lanchas que tinham na margem de S. Bernardino. Ao rebate dos sinos, ocorreu muita gente da localidade ali próxima, mas apenas quando os mouros já se faziam à vela, desculpando-se que não tinham entendido o toque dos sinos e que o medo os impediu de mostrar a sua força.
Da invasão resultou na destruição de muitas imagens assim como a recolha de uvas e outros legumes que se encontravam na horta. De toda esta ação ficou apenas como recordação um barrete que um dos mouros deixou para trás.
 
Digno de um filme caso tivessemos uma verdadeira indústria cinematográfica...

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